Artigos › 21/06/2017

Convicção de fé

A fé, no Reino divino, é um dom de Deus. É recebida pelo batismo, como uma semente. Mas tem que ser regada, assumida com maturidade e equilíbrio. Muitas de suas manifestações revelam desequilíbrios. Até o fato de a pessoa querer ser diferente das outras, na comunidade cristã, onde ela (a fé) deve ser colocada em prática, “cheira” atitude estranha, que não passa de falta de equilíbrio.

Identifica-se claramente, nos últimos tempos, uma forte contradição relacionada com a fé: de um lado, o indiferentismo em relação à vida cristã; de outro, as manifestações de religiosidade sensacionalista, com pouco, ou nada, de comprometimento com as realidades concretas da vida da sociedade. Não adianta dizer ter fé se não tem obras, não há esforço para construir uma vida de liberdade.

Quem teve oportunidade de uma boa formação sobre a fé, tem mais facilidade para enfrentar os caminhos difíceis na vida. Seus atos devem ser autênticos, justos e honestos. Sua base de ação está mais fundamentada na Palavra de Deus. Fica indignado diante da corrupção, da violência e da falta de paz. Mas também acredita no caminho do diálogo, do respeito e da misericórdia.

Faz parte do compromisso de fé a alegria da missão, mas também os sinais de contradição e de rejeição. Na cultura brasileira do momento, falar de justiça e de honestidade é correr o risco e o desafio da exclusão. Parece bastante sintomático ser desonesto, principalmente nos desvios das coisas públicas. Todo brasileiro sente, “na pele”, as consequências dos “Lava-jatos da vida”.

Nos momentos de provação, por causa da missão profética, Deus está com as pessoas que professam a fé nele. O medo não pode roubar da pessoa de fé, sua motivação profética, e nem ter medo de quem mata o corpo, pois Deus cuida até dos pássaros do campo, quanto mais da vida de seus filhos na fé (cf. Mt 10,28-29). Jesus disse estar com seu povo até o fim dos tempos (cf. Mt 28,20).

Quem luta por Deus, fazendo o bem pelas pessoas e pela natureza, pode contar com ele em todos os momentos. Ele não está presente em quem “trambica”, usa de esperteza no exercício do poder e do ter, porque não é uma atitude de quem vivencia a fé. A vida será julgada pelo que a pessoa fez ou deixou de fazer. Ela terá que arcar com as consequências dos maus atos.

Por Dom Paulo Mendes Peixoto – Arcebispo de Uberaba

 

Deixe o seu comentário





* campos obrigatórios.