Artigos › 11/12/2017

Espírito de alegria

Apesar da miséria, da violência e das guerras no mundo, a pessoa não pode perder o bom humor e a alegria na vida. Não encarar os sofrimentos somente com tristeza, porque neles existem também vestígios de coisas boas. Numa dimensão de fé, temos a garantia de que Deus está presente em todos os momentos da caminhada do povo, para ajudá-lo na construção do reino da paz.

A alegria é consequência, quase que imediata, da prática da fraternidade, da justiça, do amor e da paz. Viver essas dimensões com autenticidade, com base no amor de Deus pela humanidade, é construir uma sociedade onde reina a confiança e a esperança de uma vida aberta para o Espírito de prazer verdadeiro. É como uma luz que brilha e abre caminhos para a realização de objetivos reais.

Duas figuras bíblicas aparecem nos relatos do Advento e do Natal: João Batista e Jesus Cristo. João, com palavras provocadoras, prepara a vinda de Jesus, fazendo a transição do Antigo para o Novo Testamento. Em seus anúncios, diz que veio testemunhar a chegada da luz. Essa luz era o Verbo, o Filho de Deus, que ia nascer. Ele veio despertar a fé nas pessoas para que acolhessem Jesus.

O nascimento de Jesus Cristo foi a realização de uma longa espera, sempre anunciada pelos profetas, e agora transformada em alegria, porque é a presença de Deus no meio do povo. O Papa Francisco tem falado ao mundo dessa alegria, que vem do encontro pessoal com Deus, através de Jesus Cristo. Não é uma alegria falsa, superficial, mas que muda o rumo da vida das pessoas.

João Batista, como ungido do Senhor, veio como portador da mensagem divina, para anunciar o tempo da graça de Deus, ou tempo de libertação. Sua intenção era abrir caminho para a chegada do Menino Deus no coração das pessoas. Essa via é obstruída pelas injustiças, maldades, violências, más condutas, como montanhas e vales nas estradas, que precisam ser acertadas.

Sentimos hoje quanta fragilidade existe no meio do povo. Quantos empecilhos para que Cristo nasça no coração das pessoas. Mas por fidelidade Deus nos convida à santidade, ao encontro pessoal com Ele. Ao falar do “espírito de alegria”, sentimos muita tristeza quando vemos pessoas passando necessidade do essencial para viver, com falta de saúde, educação, trabalho, moradia etc.

Por Dom Paulo Mendes Peixoto – Arcebispo de Uberaba (MG)

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