Artigos › 29/10/2018

Amar não é se apoderar do outro

O que leva muitos casamentos ao fracasso é a noção falsa que se tem do amor hoje. Há, no ar, uma caricatura do amor. Se eu lhe der uma nota de R$ 100,00 falsa, você não a aceitará, pois ela não vale nada, e ainda poderá ser incriminado por causa dela. Se você construir uma casa usando cimento falsificado, ela poderá desabar sobre sua cabeça. Se você levar para o casamento um amor falso, ele certamente desabará, pois o “cimento” da união é o amor. Para mostrar bem claro o que é amar, vamos iniciar mostrando o que não é amar.

Compreender o que é o amor

Se você treme de paixão diante de uma menina e lhe diz “eu te amo”, esteja certo de que você está mentindo, pois essa tremedeira é sinal de que você quer saciar o seu ego desejoso de prazer. Isso não é amor, é paixão carnal, é egoísmo. Se você está encantada com a beleza dele e se desdobra em declarar o seu amor, saiba que isso também não é ainda amor, pois amor não é pura emoção nem sentimento. Amar é muito mais do que isso, pois não é satisfazer a si mesmo, mas o outro.

Quando você disser a alguém “eu te amo”, esteja certo de que você não quer a sua própria satisfação ou felicidade, mas a do outro. Cuidado com as caricaturas do amor, porque são falsas e não podem fazer a felicidade do casal. Todo jovem tem sede de amar, mas, muitas vezes, o seu amor é mascarado e se apresenta falso e perigoso.

Amar não é se apoderar do outro para se satisfazer, mas é se dar a ele para o completar. Para isso, é preciso que você renuncie, esqueça de si mesmo. Você corre o risco de, insatisfeito, querer, apaixonadamente, agarrar aquilo que lhe falta, e isso não é amar. Assim, o amor morre nas suas mãos. Você só começará a compreender o que é o amor quando a sua vontade de fazer o bem ao outro for maior do que a sua necessidade de tomá-lo só para si, para satisfazer-se.

Amar de verdade

São necessários oito anos para formar um médico, 10 anos para defender uma tese de doutorado. Para amar de verdade, precisamos de uma longa preparação, porque somos egoístas. Sabemos que a pressa é a inimiga da perfeição. Há um provérbio chinês que nos ensina: tudo aquilo que quisermos construir sem contar com o tempo, ele mesmo se incumbirá de destruir.

Se você pintar uma parede que ainda está molhada, vai perder o serviço e a tinta. Se você tirar a comida do fogo antes de cozinhá-la, você vai comê-la ainda crua. Se você não aprender, de verdade, a amar, poderá construir um lar oscilante e de paredes frágeis, as quais poderão não suportar o peso do telhado. As paixões sensíveis da adolescência não são o autêntico amor, mas a perturbação de um jovem que encontra, diante de si, os encantos e a novidade da masculinidade ou da feminilidade.

Amar é doar-se

É difícil entender que aqueles que quiserem construir um lar sobre esse chão de emoções estarão construindo uma casa sobre a areia. Muitos casamentos desabaram, porque foram realizados “às cegas”, sem preparação para que houvesse harmonia, sem o aprendizado do amor. “Amar é dar-se”, ensina-nos Michel Quoist. É dar-se a si mesmo e ao outro para completá-lo e construí-lo.

Para que você possa, verdadeiramente, dar-se a alguém, precisa primeiro “possuir-se”. Ninguém pode dar o que não possui. Se você não se possui, se não tem domínio de si mesmo, como então quer dar-se a alguém? Como quer amar?

A aspiração mais profunda do homem é amar, é a sua razão de ser, mas há muitos mal-entendidos sobre o amor.

O amor é, hoje, uma palavra tão mal usada, tão gasta, que é preciso ser redefinida para ser autêntica.

Via Canção Nova

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