Artigos › 13/02/2019

Falsidades na vida de oração

Santa Teresa D’avila nos diz que a oração é o único caminho para a santidade, ou seja, mesmo que tenhamos impulsos de conversão, rompantes de alegria no Senhor, sem a oração serão como sopros que passam.

Portanto, se de fato houve conversão ela se manifesta na vida de oração. Se existe algum vício ele também se manifesta na vida de oração ou ausência dela.

Para mim a oração é um impulso do coração, um simples olhar dirigido para o Céu, um grito de agradecimento e de amor, tanto em meio ao sofrimento como em meio ao sofrimento como em meio a alegria. Em uma palavra, é algo grande, algo sobrenatural que me dilata a alma e me une a Jesus.” (Santa Teresinha do Menino Jesus)

No entanto, alguns entendimentos sobre a vida de oração dificultam a sua vivência cotidiana.

O primeiro falso entendimento é o que se refere à quantidade e não qualidade.

Tem-se a ideia de que fazer muitas orações é sinal de maturidade espiritual. Engano. Afinal, é muito possível que se reze muito, sem de fato ter os pensamentos voltados para Deus.

O segundo é acreditar somente na intenção do coraçãozinho

Tem-se a ideia que o que importa é somente o querer fazer, ou seja, de vez em nunca faz alguma oração (muita vezes até profunda), não existe nenhum esforço para uma regularidade ou horários, nenhuma meta a ser atingida. Isso, obviamente, não é qualidade, é preguiça.

O terceiro é acreditar que oração é sempre consolação e vem com sensações.

A oração traz consolo, mas nem sempre ela vem acompanhado do quentinho no coração, da vontade de nunca mais sair dali. O consolo da oração esta relacionado ao descanso em Deus e não com sensações, elas podem acontecer ou não. Se não acontecem, deve-se continuar a fidelidade na prática, pois o justo vive da fé.

O quarto é acreditar que a oração é muito dura, uma batalha cansativa e por isso as quedas

A oração é de fato uma batalha, no entanto, uma batalha que descansa. Muitas vezes queremos rezar nos baseando nas nossas forças e habilidades, esquecemos de entregar na oração todas as coisas para poder, descansando em Deus, realizar uma batalha mais forte, afinal a humildade e a confiança em Deus humilha e vence qualquer mal.

O quinto é fazer propaganda das suas práticas de oração

Acredito que uma das perguntas que eu mais recebo é: qual a sua rotina de oração? Perguntadas muitas vezes com reta intenção e outras nem tanto. Eu nunca respondo e nunca responderei.

A vida de oração não é como uma lista de compras semanal do supermercado que pode ser imitada, cada pessoas possui suas devoções e vocação, o que muitas vezes determina a rotina fora das orações básicas da manhã, da noite e das refeições.

Além desse fator simples, que deve ser sempre que possível apresentado ao diretor espiritual, pois cada um deve dar os passos que suas pernas permitem, não acho muito edificante responder a essa pergunta, pois gera comparação e a comparação nunca é boa para a espiritualidade, inspiração sim mas comparação não.

Alguns podem se sentir desencorajados e outros envaidecidos quando se expõem pontos como esses e ninguém se santifica e edifica. Então evitem comparar o plano de vida espiritual isso provavelmente lhes fará ser mais parecidos com os mundanos que com os espirituais.

Portanto, devemos sempre buscar uma oração pura: que tenha o pensamento voltado para Deus e as coisas de Deus, que seja livre de interesses por consolos espirituais, dádivas, visões ou sensações (se Deus lhas concede, isso é por misericórdia, mas não devemos a elas nos prender), devemos batalhar nos despojando de tudo e descansando em Deus que é para nós um escudo.

São João da Cruz ensina que devemos nos despojar de tudo o que não é Deus, e isso inclui os desejos por coisas sobrenaturais, dependência do quentinho no coração para ser fiel ou para fazer penitência contra um vício. A fidelidade e a fé são vividas na escuridão e é a honra de quem busca ser justo diante de Deus, que nos une a Ele e nos dilata e converte o coração para lhe amar mais e lhe ser mais fiel.

Via Salus in caritate

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