Artigos › 26/06/2019

Festa junina

Nossa vida às vezes é uma rotina tecida de trabalho e preocupações. Em meio a tudo isso existem as festas. São momentos de alegria coletiva que anulam, por assim dizer, o peso dos deveres diários, quebrando a rotina. A festa é afirmação da vida, tão passageira. Na festa, apesar dos desafios e dúvidas, se dá sentido ao mundo e orientação à história. A sociedade moderna repleta de diversões é menos festiva que a sociedade rural antiga da qual derivam as “festas juninas”.

Nas grandes cidades, as festas começaram a ser organizadas por empresas especializadas. As metrópoles começam também a se notabilizarem por festas que se tornaram tradicionais, ou características daquela cidade. Assim, a festa do figo em Valinhos, da uva em São Roque, do Rodeio em Barretos, e etc.

No Grande ABC as festas juninas ganham destaque em quase todo o seu território. Não são somente clubes e entidades sociais beneficentes, mas muitas paróquias primam por celebrar as festas juninas. As celebrações religiosas e as quermesses de confraternização são animadas e concorridas.

Como surgiram estas festas juninas? Surgiram na Igreja Católica a partir da devoção popular em torno da devoção de três santos muito queridos do povo: Santo Antônio de Pádua e Lisboa, São João Batista e São Pedro Apóstolo.

Santo Antonio é o santo mais querido no Brasil, depois de Nossa Senhora Aparecida. Nasceu em Lisboa, e morreu em Pádua aos 36 anos, em 1231. Foi franciscano, professor de teologia e missionário popular. Notabilizou-se por pregar o Evangelho e defender o povo pobre. E por que casamenteiro? Porque conseguiu mudar algumas leis no sentido de favorecer os mais simples, como a lei que proibia casamento de moças que não tinham dinheiro para o dote, obrigatório àquela época, forçando muitas a ficarem sem casar. Santo Antônio foi profeta e missionário do Evangelho, amou a Deus e amou o povo de Deus. Por isso lutou pela justiça!

São João Batista, primo, amigo e mentor de Jesus Cristo que por ele foi batizado no Rio Jordão. Profeta e mártir da Justiça. O rei Herodes mandou decapitá-lo porque juntamente com sua corte, não estava de acordo com sua pregação. João convidou as pessoas à conversão porque o reinado de Deus estava chegando. Conversão para ele era preparar um mundo novo sem corrupção e injustiças. E por que a fogueira? Porque São João anunciou Jesus como “cordeiro de Deus”, ou seja, o Messias não violento. Os cordeiros eram vigiados pelos pastores que acendiam fogueiras para se aquecerem no inverno. Daí a fogueira de São João, a qual nos lembra que Jesus é luz do mundo.

São Pedro, chefe dos apóstolos, foi pescador, pai de família, escolhido por Jesus para ser a pedra de fundação da sua nova família: a Igreja. Após a morte de Jesus, ele morou em Jerusalém, depois em Antioquia, e por fim em Roma, onde foi martirizado, provavelmente, no ano 67 na colina do Vaticano. Ali foi construída uma Basílica sobre o cemitério no qual Pedro está sepultado. Por que a chave? Porque Jesus lhe disse: “Eu te darei a chave do Reino dos céus” (Mt 16,19), significando o serviço de pastor supremo da Igreja. As chaves do Reino de Deus que abrem a nossa vida para a santidade, vida no amor e na fraternidade!

Os santos de julho nos recordam que a verdadeira festa é o amor de Deus agindo em nossos corações, como agiu e continua agindo no deles por toda a eternidade. Eternidade que será a verdadeira festa onde só existirá a Paz e a glória de Deus, que nos faz participantes de sua felicidade para sempre.

Por Dom Pedro Cipollini – Bispo de Santo André

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