Artigos › 15/03/2019

O que Suzano nos faz pensar

A cultura contemporânea é permeada por situações e desafios que provocam uma difusa “emergência educativa”. A educação dos indivíduos e sua formação nos verdadeiros ideais que sustentam e regem a convivência pacífica numa sociedade democrática é desafio que toca quem acredita na construção de um mundo justo e fraterno.

Há o processo educacional acadêmico convencional. Há também um processo que marca a constituição do indivíduo, nem sempre suficientemente considerado pelo ambiente acadêmico. Trata-se da dimensão humana das emoções, hábitos e aspirações, difícil de ser caracterizada.

A educação formal que recolhe informações contribui para o aprimoramento cultural, desenvolvendo valores externos e aquisitivos para o consumo imediato. Já os desafios éticos e comportamentais que implicam as estruturas íntimas da pessoa necessitam de abordagem adequada. É neste âmbito que se encontra o urgente antídoto à violência e à vulgaridade, presente em variados setores da sociedade.

Constata-se o crescente número de órfãos filhos de pais vivos, de adolescentes e jovens que se automutilam, se drogam e se suicidam. Esses números expressam situações complexas diante das quais a sociedade não consegue responder adequadamente.

A tragédia de Suzano requer atenção. Somente com o engajamento de quem acredita nos valores da paz, do respeito e do cuidado de uns para com os outros, será capaz de superar a crescente cultura da violência, promovida por setores da sociedade.

De um lado, a instituição familiar é achincalhada por expressões ideológicas obscuras. De outro, se encontram as instituições de ensino fragilizadas de tal modo que falta o mínimo necessário para que professores e educadores possam levar a bom termo sua missão.

Não se responde à insanidade e à estupidez com bravatas. O momento requer bom senso e disposição para contribuir na promoção de políticas públicas capazes de responder adequadamente às necessidades da sociedade.

Por Dom Jaime Spengler – Arcebispo de Porto Alegre (RS) e Presidente para a Comissão Episcopal para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB, via CNBB

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