Artigos › 27/01/2020

O segredo da santidade: a delicadeza nas “pequenas coisas”, com Deus e o próximo

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Imagem de skeeze por Pixabay

or ocasião de algumas canonizações, o Magistério da Igreja ensinou que a santidade não requer realizar ações extraordinárias, mas “consiste somente numa conformidade com o querer de Deus, expressa num contínuo e exato cumprimento dos deveres do próprio estado” (cf. Bento XV, Decreto de virtudes heroicas do venerável Antonio M. Gianelli: AAS 12, 1920, 173. Cfr. Pio XII, Homilia 5-IV-1948: AAS 40, 1948, 149).

Este é também o caminho simples da santidade que São Josemaria Escrivá propõe:

“Queres de verdade ser santo? – Cumpre o pequeno dever de cada momento; faz o que deves e está no que fazes” (São Josemaria Escrivá de Balaguer, Caminho, n. 815).

As palavras anteriores mostram duas exigências da santidade:

* uma material (“faz o que deves“: cumprir o pequeno dever de cada momento, e cumpri-lo sem atrasos hoje, sempre, agora)
* e outra formal (“está no que fazes“: cumpri-lo com perfeição e empenho por amor a Deus).
Estas duas exigências convergem para uma só: o cuidado amoroso das coisas pequenas. Porque, na prática, os próprios deveres não são coisas materialmente grandes, mas “pequenos deveres” de cada momento; e porque a perfeição do seu cumprimento consiste também em “coisas pequenas” (atos de virtude em coisas pequenas).

O infinito valor do pequeno

Na base destas duas exigências se encontra a ideia de que, para a santidade, o amor é prioritário em relação à materialidade das obras. “Um pequeno ato, feito por Amor, quanto não vale!” (São Josemaria, Caminho, n. 814). O valor das obras para a santificação e para o apostolado não deriva principalmente da sua importância humana (de que sejam importantes em sua materialidade), mas do amor a Deus com que se realizam. Esse amor se manifesta muitas vezes em “coisas pequenas” no trato com Deus e com os outros: desde um detalhe de piedade como rezar bem uma oração vocal ou uma genuflexão bem feita diante do sacrário, até um gesto de boa educação ou de amabilidade. O amor converte em grande o que aos olhos humanos resulta ínfimo: “Fazei tudo por Amor. Assim não há coisas pequenas: tudo é grande” (ibid, n. 813). “As obras do amor são sempre grandes, mesmo que se trate de coisas aparentemente pequenas” (São Josemaria, É Cristo que passa, n. 44).

O que um filho de Deus pode oferecer a seu Pai, a não ser coisas pequenas?

Numerosos santos e mestres de vida espiritual ensinaram ao longo da história o valor das coisas pequenas, sobretudo das “coisas pequenas espirituais”: desde Santo Agostinho (s. V) e São Gregório Magno (s. VI) a Santa Tereza de Jesus (s. XVI), São João da Cruz (s. XVI) e Santa Teresa de Lisieux (s. XIX).

Para todos eles, o cuidado das coisas pequenas é muito importante para a santidade. A razão é facilmente compreensível se se tem em conta que a santidade implica crescimento na graça divina e “Deus resiste aos soberbos, mas dá a sua graça aos humildes” (cfr. 1P 5,5; Tg 4, 6). Nisto compreendem o grande valor das coisas pequenas, porque o fato de que sejam pequenas favorece a humildade, contribuindo para tirar o obstáculo da soberba que impede de receber a graça de Deus. Quando se trata de ações importantes, é mais fácil cair na vanglória. Porém as coisas pequenas costumam passar despercebidas aos outros e não recebem recompensa humana: só Deus as vê e premia o amor colocado nestes detalhes.

Extratos de texto publicado no site oficial do Opus Dei. Confira o texto completo aqui.

Via Aleteia

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