Artigos › 20/12/2019

Pe. Reginaldo Manzotti: os mistérios do Natal

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Estamos no mês do Natal e, nesse tempo, somos chamados a nos deparar com um mistério que é muito maior que a nossa compreensão. Um grande mistério que nós podemos sentir de forma diferente a cada ano. Talvez porque nós estamos diferentes a cada ano. Deus suscitou no meu coração a necessidade de lembrar a todos que o verdadeiro sentido do Natal é mais urgente hoje, é voltarmos a sermos gente!

Muitos não entendem que Deus se faz presente no que chamam de mágica do Natal. Por que neste período o ser humano fica mais frágil? Por que ficamos com mais saudade? Por que começamos a lembrar dos que já morreram e parece que nós ficamos mais fracos? É verdade, ficamos mais sensíveis! Você acha que é por causa dos enfeites, das luzes e estrelas? Não! É porque Deus toma a iniciativa. Deus faz uma curvatura no céu e desce à Terra. E pelo fato de Deus realmente descer no Natal, Ele consegue fazer algo que nós não conseguimos: amolecer o nosso coração. Por isso, se há magia é a magia de Deus, porque no tempo do Natal, Deus nos torna mais humanos. Por isso o Natal é a oportunidade de nós revermos o que realmente é importante para nós. Façamos um exercício, pensemos nas pessoas que estão próximas a nós e que são aquelas que sabemos, estão conosco em todos os momentos.

Perguntemo-nos como estamos tratando essas poucas pessoas que vão cuidar, zelar, acompanhar-nos até o fim? Temos expressado amor, ternura, compaixão? Ou são as pessoas em quem mais descontamos a raiva, são as que mais sofrem conosco? Natal é a gente ter coragem de olhar para nossa história e dizer “eu não quero continuar desta forma”.

No Natal, somos chamados a lembrar de que Deus tornou-se uma criança e Deus nasceu no meio de uma estrebaria: “José e Maria, sua esposa, que estava grávida, estavam em Belém, quando se completaram os dias para o parto, e Maria deu à luz ao seu filho primogênito, e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num presépio; porque não havia lugar para eles na hospedaria”. (cf. Lc 2,4-7) Deus assumiu a forma humana e não podemos esquecer-nos de algo fundamental: Deus entrou na humanidade para dizer: “O que eu fiz foi bem feito e, como ser humano eu já experimentei todas as limitações, então vocês também podem ser santos”. Esse mistério da humanidade de Deus é tão profundo! Ele se tornar um de nós, é uma decisão da vontade de Deus tão grande que Ele se desnuda de toda majestade para dizer: “eu os amo incondicionalmente”. Ele veio trazer a luz para quem andava errante no mundo, vagando na escuridão, mas parece que São João se deu conta de que nem todos viram a luz e se viram a luz rejeitaram. (cf. Jo 1,9-12)

Neste ano de 2019, mais uma vez Jesus nasce. Deus se desnuda, diante de mim e de você, para trazer luz. E será que nós vamos recusar a luz de Deus? Vamos continuar errantes neste mundo, fazendo besteira, construindo muros, construindo armas de destruição, incentivando e colocando lenha nos conflitos, nas discórdias? Natal é essa luz que vem para brilhar no horizonte da família e dizer: encontre no perdão, a luz de Cristo. Perdoe, volte atrás, fez besteira, corrija. Olhe para esta pessoa que está ao seu lado e pense: “Ela está, como eu, buscando a Deus! Então eu vou dar a ela o meu braço e vamos junto seguir na luz”.

Geralmente os presentes que oferecemos no Natal vêm com o prazo de validade muito curto. Podemos comprar o melhor presente do mundo para uma criança, é novidade no dia de Natal, talvez três, quatro dias, uma semana, depois, acabou! O presente que Deus nos dá é para sempre. Ofereçamos também um presente que vai para a vida inteira, nosso amor, nosso sorriso, nosso afeto, nosso perdão, um abraço a quem faz tanto tempo que não abraçamos. Diga para a pessoa que está do seu lado, o quanto ela é importante para você. São palavras que parecem mero romantismo, mas fazem tão bem para o ouvido e para o coração.

Eu gostaria de instigar e incentivar você, que está lendo esse texto, seja o exemplo de Deus, se desnude, tire a armadura, tire a máscara, tire a hipocrisia, não tenha medo de renascer, de voltar às essências da sua humanidade porque, às vezes, a gente se torna algo que nós não reconhecemos. Certas situações nos fazem tomar decisões que vão contra a nossa natureza e vamos nos tornando pessoas amargas, tristes, desanimadas. Aproveite o Natal e tente recuperar o que de melhor você tem. Aquele sorriso largo, aquele coração que era bom, aquela pessoa que era capaz de chorar de emoção. Resgate em você aquela pessoa que era capaz de acreditar, que era boa, simples, verdadeira.

Por Pe. Reginaldo Manzotti, via Aleteia

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