Artigos › 07/08/2017

Uma verdade para todo homem e para a história

Caros amigos, a Eucaristia é um tesouro inexaurível de graça e vida cristã. Precisamos conhecê-la melhor, para melhor vivê-la e melhor “comunicá-la”.

Na transmissão da Boa Nova ao mundo, objeto próprio da missão, a Eucaristia aparece como um verdadeiro “critério de valorização de tudo o que o cristão encontra nas diversas expressões culturais” (Sacramentum Caritatis, 78).

Sabemos que Jesus Cristo viveu em um tempo e lugar concretos e aí pregou a Boa Nova; os apóstolos transmitiram posteriormente esta mensagem a outros povos, num primeiro movimento de “inculturação do Evangelho”. A Santa Igreja continuamente experimentou, e experimenta, em sua história esta mesma tarefa.

Na verdade, a “inculturação” não só é necessária para que a Palavra de Deus ganhe espaço em sociedades estranhas ao cristianismo, mas também se faz urgente em nossos países de maioria cristã. Também eles precisam passar por uma nova evangelização com novos meios e novo ardor. Para tanto, um critério que não pode ser esquecido é que a medida desta adaptação será sempre o Mistério de Cristo, e não uma cultura determinada ou uma ideologia. O Sínodo sobre a Eucaristia do ano de 2005 nos ensinou que: “O mistério eucarístico nos põe em diálogo com as várias culturas, mas também as desafia”. (Idem). Poderíamos, então, nos perguntar: De que modo as desafia?

Assim o explica o Concílio Vaticano II: “A boa nova de Cristo restaura constantemente a vida e a cultura do homem decaído, combate e remove os erros e os males decorrentes da sempre ameaçadora sedução do pecado. Purifica e eleva incessantemente os costumes dos povos. Com as riquezas do alto ele fecunda, como que por dentro, as riquezas do espírito e os dotes de cada povo e de cada idade, fortifica-os, aperfeiçoa-os e restaura-os em Cristo. Deste modo a Igreja, cumprindo a própria missão, por isso mesmo estimula a civilização humana e contribui para ela, e, por sua ação, também litúrgica, educa o homem para a liberdade interior”. (GS, 58). E ainda: “a cultura deve estar subordinada à perfeição integral da pessoa humana, ao bem da comunidade e da humanidade inteira” (Idem, 59).

Assim, nossa missão não é propagar um modelo determinado, mas evangelizar as culturas e os corações, para que todos cheguem à perfeição em Cristo. “Temos a obrigação de promover convictamente a evangelização das culturas, na certeza de que o próprio Cristo é a verdade de todo homem e da história humana inteira”. (Sacramentum Caritatis, 78).

Por Dom Edney Gouvêa Mattoso – Bispo  de Nova Friburgo (RJ)

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