Artigos › 22/08/2017

A identidade

De que e de quem. Poderia ser do Brasil, ou de cada brasileiro. Refiro-me à identidade de Jesus Cristo, o Filho de Deus, que se fez homem como todos nós, que veio ao mundo com a missão de salvação e a cumpriu dando a vida por essa causa. Ele é a revelação de Deus Pai, fiador de uma vida pautada na dignidade e no respeito incondicional pela natureza criada para o bem das pessoas.

A dimensão autêntica da fé nos leva à ideia real de Deus, que vemos em Jesus Cristo, não como alguém que castiga e faz distinção entre as pessoas e que privilegia um e exclui outro. Ele é o Deus da vida, que supera todo tipo de fraqueza, de revolta, violência e desânimo para construir a sociedade do amor e da fraternidade. Sua identidade deve acontecer na vida de cada ser humano.

A missão de Jesus Cristo se estende para todos os povos. Ele tem uma identidade com dimensão universal, porque veio para todos, no tempo e no espaço e na eternidade. Essa tarefa foi confiada aos seus seguidores, que também devem ter uma identidade que se identifique com vida de Jesus Cristo. É a tarefa da Igreja, daqueles que procuram honestamente fazer o bem sem distinção de pessoas.

Um dia Jesus testou seus discípulos para saber se eles O conheciam bem. As respostas demonstraram total desconhecimento de sua identidade. Como segui-Lo se não o conhecem! Isso não está acontecendo também nos dias de hoje, porque sentimos na cultura moderna um total esvaziamento da identidade cristã. Há um descaso pela dimensão sobrenatural e uma perda da identidade de Deus.

Lamentavelmente, muita gente professa Jesus Cristo de forma totalmente desconectada com sua missão salvadora. Em muitos casos, Ele não passa de “ícone de prosperidade”, desvirtuando os princípios cristalizados pelas palavras dos Evangelhos. Com isso, os ensinamentos de Jesus ficam totalmente instrumentalizados e perdem sua força de construir uma sociedade autêntica.

Na lógica humana da sociedade de consumo e da tecnologia avançada, não é fácil entender os caminhos de Deus. Eles são assumidos por quem, apoiados na fé e no abandono nas mãos do Senhor, trabalham com honestidade para construir um mundo mais humano e diferente do que experimentamos hoje. Não podemos querer que Jesus pareça conosco, mas nós com Ele.

Por Dom Paulo Mendes Peixoto – Arcebispo de Uberaba

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